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Hablando del Camino

Galícia

Vega de Valcarce - Triacastela

Distância: 38 km

Dificuldade: muito alta - O Cebreiro e Alto del Poio

 

495 km pedalados

145 km até Santiago de Compostela

3 dias até o destino

26 de maio

 

A VERDADE SOBRE O CEBREIRO: TUDO MENTIRA!

Claro que eu queria só falar que o Cebreiro foi o grande vilão (e foi). Que a subida foi fortíssima (e foi). Que nos perguntávamos "por que?" (e perguntamos). 

 

Mas a mentira é que ele não foi a única subida terrível desse trecho. Houve ainda o Alto del Poio que estava a 1.330 metros. Subimos mais ainda! E pelo Caminho foi muito, muito difícil. Há sempre uma opção pela estrada, mas não faz sentido fazer todo o Caminho pela "carreteira".

 

Mas nem tudo são pedras pelo caminho. Depois disso fizemos um trecho comum - carro e peregrinos - em descida vertiginosa pela estrada. Logo após voltamos ao Caminho por uma trilha muito técnica, em declive longo e acentuado, com pedras grandes, degraus e barro. Simplesmente deliciosa e divertida!

 

Como prêmio por este dia duro, resolvemos nos dar de presente uma noite em uma Casa Rural chamada Casa Pacios. Trata-se de uma fazenda, onde tivemos a oportunidade de dormir em uma casa do século XVII. Incrível!!

 

ENFIM, GALÍCIA! 

Estamos na "Junta de Galícia". "Junta", comparando, são como nossos Estados. A Galícia é verde! Nas outras Juntas tudo é mais árido. Está sendo uma experiência única ver a gradual mudança de clima, vegetação e arquitetura. 

 

A verdade do dia de hoje é que superamos o vilão. Bastou força de vontade, esforço e tempo para passarmos por esse difícil trecho. 

 

Agora o destino final já se apresenta mais nítido, o que nos deixa com um sentimento de perda, de que já está chegando ao fim. Incrível, mas falamos sobre isso inúmeras vezes ao longo deste trecho. O que será que vai acontecer quando estivermos dentro do carro alugado, indo em direção à Madrid?

 

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Triacastela - Portomarín

Distância: 45 km

Dificuldade: média / alta

 

544 km pedalados

96 km até Santiago de Compostela

2 dias até o destino

 

 

 

27 de maio 

 

GALÍCIA SIN LLUVIA NO ES GALÍCIA

Jorge Cáceres, nosso mestre em Espanhol e na arte do Caminho de Santiago falou esta frase em uma das aulas que fizemos com ele. Sabedoria de quem já fez o caminho. Choveu. E muito! Achávamos que escaparíamos da chuva, mas...

 

MONASTÉRIO DE SAMOS

Saímos de Triacastela sob céu azul e sol triunfantes. Temperatura em elevação, tempo perfeito para seguir direto para Samos a fim de visitar o famoso Monastério.

 

Até Samos, optamos mais uma vez por seguir pela trilha do caminho. Um trecho leve e fechado pelas árvores. Um prazer divino pedalar por entre as nogueiras. 

 

O Monastério é um lugar mágico, congelado no tempo. Hoje somente doze monges vivem lá. Chegamos ao meio dia em ponto, em tempo para fazer a visita de uma hora.

 

Nem precisa dizer que foi maravilhoso conhecer por dentro um dos mais importantes Monastérios da Europa, que iniciou sua construção no século VI (!). Depois foi destruído por um incêndio XVIII e depois reconstruído durante o mesmo século.

 

Saímos de Samos por volta das duas horas. E aí começou o desafio: a chuva. A trilha em tempo seco já seria desafiadora. Debaixo d'água virou um tormento.

 

Chegamos bem em Portomarín, mas totalmente extenuados, já com Santiago em mente, afinal faltam só dois dias.

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Portomarín - Melide

Distância: 38 km

Dificuldade: média

 

582 km pedalados

58 km até Santiago de Compostela

1 dia até o destino

 

 

 

 

28 de maio 

 

HAJA O QUE "HAJAR", HIPOGLÓS PARA CURAR.

Hoje o dia foi tranquilo. Não passamos por nenhum monumento ou igreja importantes. 

 

Mas o caminho foi um espetáculo à parte, mesmo com o tempo chuvoso. Passamos por povoados minúsculos, totalmente rurais e com casas centenárias (e acho que pessoas também). As árvores formavam verdadeiros túneis por onde os peregrinos caminhavam.

 

A Galicia é encantadora não fosse o perfume constante de estrume de vaca. Absolutamente compreensível uma vez que há abundância de pasto. 

 

Agora, o ápice do dia mesmo foram as assaduras. Não consigo descrever a "maravilha" que é rodar quilômetros e quilômetros pela estrada ou pelo Caminho com a retaguarda desprovida da camada da epiderme. Começamos o caminho como se o banco da bike fosse um sofá e estamos quase acabando com a sensação de estarmos sentado numa bigorna. 

 

Chegamos bem mais cedo hoje ao destino (Melide) em relação aos dias anteriores. Dada a condição da minha retaguarda, optamos por conservar a pouca sanidade da área para os últimos 58km.

 

Rodamos por Melide, conhecemos a catedral e vimos um pouco do movimento local. Por estarmos muito próximos de Portugal, a língua Espanhola sofre uma influência grande do idioma português. Tem momentos que você pensa que até está entendendo muito bem Espanhol, só que na verdade é o Galego, um dialeto local que mistura muitas palavras do Português. Um conforto e tanto já que no final você já não tem mais paciência para falar Espanhol.

 

Amanhã o dia tende a ser chuvoso e o caminho mais difícil. Comer bem e descansar uma bela noite de sono será a melhor pedida para ter energia suficiente até chegar ao destino tão esperado.

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Melide - Santiago de Compostela

Distância: 58 km

Dificuldade: média

 

640 km pedalados

 

Chegada em Santiago de Compostela

 

 

 

29 de maio 

 

ENFIM SANTIAGO DE COMPOSTELA

640 quilômetros depois, cruzando o norte da Espanha de leste a oeste, entramos na cidade de Santiago de Compostela. Um momento mais do que esperado. 

 

Santiago é uma cidade grande e moderna, que sabe aproveitar bem a sua história. Diferente das cidades menores, a entrada não é triunfante, mas valeu a pena.

 

SIN DOLOR NO HAY GLORIA

Dos 58 km de pedal, apenas em oito quilômetros não pegamos chuva. O resto foi debaixo de muita água e frio. 

 

Ao entrarmos em Santiago de Compostela a chuva era torrencial, o que tirou um pouco do brilho da chegada, mas não a alegria, emoção e a vontade que estávamos de vencer. 

 

Apesar de estar um pouco deteriorada, a Catedral é um espetáculo à parte. Mas por sorte da humanidade, ela já está em processo de restauração.

 

Assistimos à missa de ação de graças aos Peregrinos e ao final fomos literalmente abraçar Santiago. Para mim, foi uma emoção enorme pedir à ele que interceda pelos que amamos e queremos bem. 

 

Deixamos ao lado dele um singelo buquê de margaridas amarelas, colhidas alguns quilômetros antes na beira da estrada. Foi a forma que encontramos para agradecer pela viagem segura e tranquila que tivemos, pelas paisagens de tirar o fôlego e por viver esta experiência incrível. 

 

Em breve partiremos de Santiago de Compostela, o que nos causa certa tristeza. Ter a mesma rotina por 16 dias, não foi fácil. Mas passar em pequenos "pueblos" e grandes cidades, por meio do Caminho foi uma experiência única e que recomendamos para quem quiser viver uma grande história de vida.

 

Caminho de Santiago: pode esperar que nos veremos novamente.

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Santiago de Compostela - Finisterra

 

 

 

 

 

 

 

31 de maio 

 

UM ADEUS DIFÍCIL

Respiramos Santiago de Compostela por dois dias. Intensos, fortes. Vimos peregrinos e bicigrinos chegando a todo instante. Choravam, riam, rezavam, abraçavam-se, deitavam no chão da praça sob a imensidão da Catedral apenas para contemplar a sua beleza e para dizer: VENI, VIDI, VICI! E, assim como Júlio César, que proferiu está frase em 47 a.C. em pleno senado romano, nós também VIEMOS, VIMOS E VENCEMOS. 

 

Bikes desmontadas e embaladas, malas no carro, hotel pago, hora de partir. Um silêncio estranho ser abateu sobre nós. Durante nosso trajeto em direção à estrada, ficávamos procuramos as setas e conchas que marcam o caminho, como se quiséssemos continuar a peregrinar. 

 

- Olha lá. Viu? Mais uma seta. O Caminho passa ali.

 

Silêncio... 

 

O tempo parou. O tempo passou. E já estamos com novo destino marcado: Brasil.

 

Silêncio...

 

A palavra que falamos com mais  frequência foi saudade. A cada placa, seta, concha, saudade. A cada peregrino avistado, saudade. Difícil explicar, mas ficamos saudosos demais. Já estamos marcando o segundo caminho. Como explicar? Não sabemos.

 

FINISTERRA

O seu nome deriva da expressão latina finis terrae ou fim da terra. Situada a cerca de 90 quilômetros de Santiago de Compostela, é considerado por muitos o verdadeiro fim da peregrinação. Muitos peregrinos, após visitarem Santiago, continuam seu caminho até o ponto mais extremo da Espanha. Na idade média, o peregrino finalizava o Caminho lá inclusive para pegar vieiras, a fim de provar o seu feito. Por isso que o símbolo do peregrino é a vieira ou concha. Fomos até Finisterra também contemplar o fim da terra. 

 

Este é o último HABLANDO DEL CAMINO. E uma só palavra fica nos nossos corações: SAUDADE.

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© 2014 por MARCELO e ALESSANDRA. Criado com Wix.com

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